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RUE DES ROSIERS
INFORMAÇÕES
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Saint-Paul

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Com apenas 300 metros de comprimento, a rue des Rosiers é uma pequena via com um grande significado histórico. Ela surgiu no século XIII, beirando a medieval muralha defensiva de Paris, construída pelo rei Philippe Auguste. Vestígios dessa gigantesca obra ainda são visíveis no pátio do edifício de n. 8 e também nos de n. 10 e 14. Muitas roseiras cresciam encostadas à muralha e delas deriva o nome da rua, documentado desde 1230.


A rue des Rosiers, no Marais, é a que melhor exprime a grande presença judaica no bairro e seu entorno é chamado "Pletzl" pela comunidade. Numerosas lojas, alguns restaurantes, mercadinhos e tradicionais quiosques de falafels e padarias que vendem Hallots criaram uma atmosfera típica, mas que, para desencanto de todos os que valorizam as tradições culturais, perdem progressivamente terreno para as butiques de consumo de luxo que acabarão por descaracterizar essa região. Um triste exemplo é o do restaurante Jo Goldemberg que reinou durante décadas com sua cozinha tradicional. Resistiu até a um violento atentado neonazista, em 1982, quando jogaram uma granada no salão em pleno horário de almoço, matando seis pessoas e ferindo vinte e duas, mas acabou sucumbindo e fechou suas portas em 2006. A fachada ainda existe, mas o local foi tomado por uma loja de vestuário em 2010. Outra derrota da cultura frente ao consumo de luxo se deu com o fim da livraria Bibliophane, que ficava no n. 26 e foi substituída por mais uma boutique.


A presença da comunidade judia no Marais é antiga. A atual rue Ferdinand Duval, que se desprendeu da rue des Rosiers no século XV, passou então a ser chamada rue des Juifs e só teve o nome mudado em 1900. Mas os judeus chegaram muito antes e já haviam sofrido todo o tipo de perseguições e espoliações especialmente durante o reino de Philippe IV – le Bel (1285-1314), quando foram expulsos do reino (1306) e tiveram seus bens confiscados. Começou então um trágico vai e vem. Diante do clamor dos negociantes que não tinham quem lhes emprestasse dinheiro a juros o rei Louis X chamou os judeus de volta em 1315. Eles foram outra vez expulsos em 1323 e autorizados a voltar de novo em 1360 com direito a permanecer durante vinte anos no reino desde que pagassem algumas taxas. O rei Charles V o Sábio os protegeu e prolongou o direito de permanência, mas seu sucessor Charles VII os expulsou mais uma vez em 1394.


No final do século XIX e início do século XX houve nova afluência de judeus que se instalaram no Marais depois de fugir de perseguições na Romênia, Áustria, Hungria e Rússia.


A rue des Rosiers, malgrado o nome romântico, guarda as cicatrizes de muitas ignominias humanas. Durante a Segunda Guerra mundial consumou-se outra terrível perseguição contra os judeus, deportados aos milhares para trabalhos forçados ou para morrer nos campos de concentração nazistas. No no 4 bis há uma escola que teve o diretor, professores e numerosos alunos deportados. Poucos voltaram com vida. Entre seus antigos alunos estava Wolf Wajsbrot, que foi membro da Resistência e acabou preso e fuzilado. No no 26 residiu Yvette Feuillet, que com apenas 23 anos e muita coragem chegou ao grau de sargento da Forças Francesas do Interior, as FFI ligadas ao general de Gaulle. Também foi presa, deportada e assassinada no campo de Auschwitz. No no 34 viveu Louis Shapiro, que foi comandante dos partisans FTPF, resistência armada dirigida pelo Partido Comunista Francês, preso e fuzilado no Mont Valérien.