Paris, o que você me diz?
BRASILEIROS QUE CONHECEM REVELAM SUAS PREFERÊNCIAS
Opinião de Laerte Coaracy
Revelações:
Laerte Coaracy
UM BAIRRO:
Moro ha mais de 20 anos no quinto arrondissement (Quartier Latin), perto da rue Mouffetard, e me sinto em casa, numa calma animada. Mas esta cidade ate hoje justifica seu apelido "Paris dos mil vilarejos". Todo canto tem sua personalidade forte, seus encantos humanos e arquitetônicos bem integrados à vegetação, como no Jardim Botânico aqui do lado. E até o tempo das origens esta bem presente perto de casa, com as termas de Cluny e as arenas de Lutèce, entre outras referencias.
UM RESTAURANTE:
Citar um só é trair dezenas. Não esqueçamos, no entanto, o Chartier do Faubourg Montmartre, pela sua eficiência na atribuição de mesas mesmo de improviso, menu bem tradicional, além do seu folclore humano divertido.
UM LUGAR ROMÂNTICO:
Primeiro a fonte em frente do square Saint- Médard. Em seguida o percurso do Jardim de Perfumes do Parque André Citroën.
UM LUGAR SECRETO:
Sem ser secreto o Hotel Drouot merece ser mais visitado. E' um condensado de galeria de arte, antiquário surreal e caverna de Ali Babá. Em cinco animados leilões diários, são dispersados os restos de um império sempre a renovar-se.
UM BAR À VINS:
Quase todos os do Marais. Mas vale insistir nos salões, as feiras de vinhos em abril e novembro, com seus quase mil produtores independentes. São as famílias desses vignerons que animam os stands de degustação gratuita e informação abundante. O ambiente é convivial e animadíssimo. Mais de 200 mil degustadores e não se vê nunca uma nota fora!
UMA PONTE:
A Pont des Arts, defronte ao Louvre, só aceita pedestres. Logo que o frio acaba ela é ocupada por simpáticos grupos que vem fazer pique niques regados às vezes a champanhe.
UM VISUAL DESLUMBRANTE:
O Sena e Notre Dame vistos do café no terraço do Instituto do Mundo Árabe. Mas ha também um comovente espetáculo vindo direto do século XIX, a ser descoberto no antigo Museu de Historia Natural.
UM MUSEU:
O das Artes Primeiras no Quais de Branly. E também, quase colada em Paris, a casa do Rodin em Meudon.
REVELAÇÃO EXTRA, PARA ARTISTAS::
O grupo surrealista do André Breton ainda se perpetua, mas não se reúne mais na Promenade de Venus. Melhor visitar no vigésimo arrondissement, Impasse Satan, muito perto da passagem Deus e nada longe do cimetière du Père Lachaise, o local dos anarquistas espanhóis, descendentes dos republicanos da guerra civil, onde ha exposições surrealistas.

Laerte Caiuby Coaracy nasceu em São Paulo em 1943 e passou a infância entre a Urca e Paquetá. Professor concursado da Universidade do Chile durante o governo da Unidade Popular. Depois do assassinato de Allende acabou indo trabalhar na França onde é psicanalista há muitos anos.