Igrejas
SACRÉ-COEUR
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INFORMAÇÕES
www.sacre-coeur-montmartre.com

35, rue du Chevalier de La Barre

01 53 41 89 00
Todos os dias: 6:00 - 23:00

Metro:
Abbesses, Anvers

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No topo da colina de Montmartre, ao norte de Paris, destaca-se a Basilique du Sacré Coeur, construída à partir de 1875 com travertino branco trazido de Château-Landon. Essa pedra exsuda constantemente calcita, o que permite que o edifício continue branco apesar das chuvas e da poluição. Diferencia-se dos principais monumentos pela cor e, sobretudo, pelo estilo, um misto de românico e bizantino que destoa dos monumentos mais famosos de Paris, góticos, renascentistas ou neoclássicos.


A solução decorativa provocou muitas discussões e até hoje muitos a ridicularizam comparando-a pejorativamente a um bolo de noiva. Mas é indiscutível que ela está em uma posição das mais privilegiadas para oferecer um magnífico panorama de Paris. Essa constatação começa na esplanada defronte à igreja e se confirma plenamente na visão que se tem a partir da cúpula, aberta para a visitação pública.


A colina de Montmartre é voltada à religiosidade há muitos séculos. O cume já foi local de culto aos deuses gauleses, depois abrigou um templo romano dedicado ao deus Marte. Tornou-se local de culto cristão após o martírio de São Dionísio no século XIII, que teria sido decapitado na colina no século XII, depois recebeu a Église Saint-Pierre de Montmartre, a mais antiga igreja de Paris e que ainda se pode visitar; finalmente ali foi construída a basílica.

A Basilique du Sacré-Cœur é um dos monumentos mais conhecidos no mundo e é o segundo mais visitado de Paris pois recebe dois milhões de peregrinos ou turistas a cada ano. No entanto, poucos conhecem a tortuosa história dessa igreja e os múltiplos significados políticos, culturais e religiosos que a envolvem, em grande parte escondidos pelo tempo.


Esta igreja foi motivo de intermináveis controvérsias. Enquanto conservadores, católicos devotos, reacionários e monarquistas a viam como monumento expiatório diante dos “excessos” que vinham desde a Revolução Francesa e culminaram na Commune de Paris, para socialistas, democratas e muitos republicanos radicais, a basílica representava “uma permanente provocação à guerra civil”, como foi proclamado durante apaixonados debates no Conselho Municipal em 1880. A discussão ainda se arrastava em 1882 na Câmara de Deputados, quando o arcebispo Guibert defendeu a obra e Georges Clemenceau a acusou de estigmatizar a Revolução Francesa. A lei que autorizava a construção da igreja acabou por ser derrubada, mas firulas técnicas permitiram o prosseguimento da obra, que escapou de mais uma tentativa de interdição em 1897. Com grande parte da obra concluída e servindo ao culto católico havia seis anos, a igreja tornou-se um fato consumado.


Atendendo à solicitação do novo arcebispo apresentada em carta do dia 5 de março de 1873, a Assemblée Nationale aprovou uma lei no dia 24 de julho que definia a obra como de “utilidade pública”. Alegava-se que seria dedicada ao “culto do Sagrado Coração de Jesus”, mas era voz corrente que a igreja serviria também de revanche contra os communards – militantes da Comuna, que haviam executado o arcebispo de Paris, Georges Darboy. Os debates entre os deputados foram acalorados e agressivos e a aprovação se deu por estreita maioria, 382 votos a favor e 354 contra.

Os que se opunham ferrenhamente à obra, não esqueciam os crimes cometidos pelos que haviam massacrado a Comuna: os milhares de communards fuzilados sem nenhum julgamento, os últimos resistentes que haviam sido soterrados vivos ali mesmo em Montmartre, quando foram dinamitadas as galerias subterrâneas das minas de gesso para as quais haviam recuado durante a luta, e outras barbaridades cometidas na tristemente célebre Semaine sanglante, entre os dias 21 e 28 de maio de 1871.


Mais de 70 projetos foram apresentados num concurso oficial. O vencedor, Paul Abadie, teve que respeitar algumas imposições: o local, a limitação dos custos à verba de sete milhões de francos, a inclusão de uma cripta e uma escultura monumental do Sagrado Coração, no lado externo, que tivesse ampla visibilidade. A obra teve início em 1875, mas as ásperas disputas e as discussões apaixonadas a arrastaram até 1914. A igreja só foi consagrada após o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1919, quando o tempo se encarregara de atenuar os conflitos que edifício havia atiçado.


A basílica tem o formato de cruz grega, ornada com quatro cúpulas, a mais alta com 83 m de altura. O teto da abside central é decorado com um enorme mosaico, o maior na França, cuja instalação durou de 1900 a 1922. Os vitrais foram postos em 1903 e em 1920, destruídos durante bombardeios em 1944 e restaurados após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946.


Grande parte da arte escultural que decora a igreja é da autoria de Hippolyte Jules Lefebvre, incluindo o altar e duas esculturas equestres, no exterior do edifício, que representam o rei Louis IX, mais conhecido como São Luís, e a heroína Jeanne d’Arc.


O órgão é de autoria de Aristide Cavaillé-Coll e pertencia ao Barão Albert de L’Espée, um grande apreciador do instrumento. Após a morte do Barão e venda do seu castelo, o órgão permaneceu guardado por dez anos até que foi transferido para a basílica, onde foi inaugurado em 1919 por Charles-Marie Widor, Marcel Dupré e Abel Decaux.